domingo, 20 de agosto de 2017

Histórias de Amor

36!
Faz hoje 36 anos!

Estava grávida de oito meses.
Um imprevisto, fez com que tivesse que ser internada.
E lá fômos nós: o meu pai, a minha mãe, o meu marido e eu rumo a Coimbra.

Antes de me levarem para o Instituto Maternal Bissaya Barreto pedi para pararem na Rua Visconde da Luz. Na ocasião o trânsito ainda ali circulava e eu precisava comprar uns chinelos. Tinha a malinha pronta desde os 7 meses, era um facto, mas também pensava ter uma gravidez de 9 meses.

Enquanto o meu pai com o meu marido procuravam estacionamento eu e a minha mãe entramos na sapataria A Elegante.

Sùbitamente senti que não estava a controlar as urinas. Pedi para ir à casa de banho e que a minha mãe fosse em frente, à Casa Ruben, comprar-me umas cuecas, porquanto me tinha urinado.

Estava para experimentar os chinelos e tudo se repete! E lá foi a minha mãe comprar-me mais umas cuecas. Nem ela, mãe de três filhos, sequer lhe ocorreu que outra coisa deveria ser!

Volto a pedir para ir à casa de banho e é então que a funcionária diz: será que não lhe rebentou o saco de águas?

Foi-me buscar uma toalha. Nesse preciso momento o meu pai e marido passavam em frente à sapataria. Ainda procuravam estacionamento. A minha mãe correu a chamá-los e lá entrei no carro, com uma toalha da sapataria por dentro das cuecas, rumo ao Instituto Maternal.

Fui logo atendida. Aliás, a minha chegada já estava prevista. Isto tudo se passou de manhã. E passaram horas e horas. Soube, dias depois, o risco que corria. Se o meu bébé não nascesse de parto normal e tivesse que ser de cesariana, eu poderia não sobreviver.

Mas a Natureza cumpriu e 20 a 15 minutos antes da meia noite o meu bébé nasceu. Mostraram-mo. Completamente atordoada, com dores, nem sequer ouvi o que me diziam. Só passado algum tempo, ainda quando me cosiam, perguntei: é menino ou menina? Está bem?

- É menino! Já lhe tínhamos dito... e sim, está tudo bem.

No dia seguinte, de manhã, levaram-me para o Hospital dos Covões e lá estive, durante longos 15 dias, até ter alta e estar curada da doença que me tinha aparecido.
Muitas visitas de família e amigos e todos passavam antes pelo Instituto Maternal para primeiro visitarem e conhecerem o meu filho. E quantas vezes a revolta nasceu dentro de mim!!

- Tens um filho tão lindo, diziam-me, e eu sem conhecer o meu filho!

Finalmente o dia chegou!
O meu marido levou-me até lá... ainda estava na incubadora, apesar de já não ter necessidade de tal, segundo me disseram. Vi lá vários bébés.

E é então que o meu marido, sem maldade, mas por brincadeira, me pergunta: vá, agora diz lá qual é o teu... !!! Claro que ele sabia. Todos os dias o ía visitar antes de me ir ver a mim.

Eis que começo a chorar... e só então o meu marido se apercebeu que tinha sido uma brincadeira de mau gosto e tenta redimir-se de imediato... "ora, não se vê logo pelo dedo do pé? É exactamente igual ao teu".

Uma enfermeira dá-me o meu filho para o colo. Não há palavras que consigam descrever o que senti. Meu querido Filho, meu Amor!

De regresso a Santana, a bisavó veio abrir a porta.
Ainda hoje recordo, com emoção, o brilho do seu olhar para o bisneto.

E já lá vão 36 anos.
Que venham muitos e muitos mais, com saúde, alegria, paz, amor e realizações.

Parabéns Filho.
Parabéns Luís Pedro.

Mãe








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